SES e SSP recolhem dependentes de crack de rotatórias de São Luís




As secretarias de Estado de Saúde (SES) e de Segurança Pública (SSP) realizaram, na manhã desta terça-feira (12), a quinta ação conjunta de recolhimento e encaminhamento de usuários de crack das ruas para as dependências do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS-AD), mantido pela SES no Bairro do Monte Castelo. Desta vez, a ação teve como locais prioritários rotatórias da capital onde o índice de delitos tem aumentado, segundo a polícia.


Foram recolhidos 24 usuários de drogas nas imediações das rotatórias do São Cristovão (próximo ao Supermercado Mateus), da Forquilha, e do Bairro São Francisco. De acordo com o delegado Joviano Furtado, coordenador do Centro Integrado de Defesa Social (CIDS-Oeste) que comanda as ações de recolhimento, a escolha destas localidades foi motivada pelo número crescente de crimes ocorridos nessas áreas.


“Tem havido varias ligações para o disque denúncia informando sobre problemas envolvendo moradores de rua e usuários que moram ou perambulam nestas rotatórias. Haja vista que esta denúncia tem se tornado muito frequente, nós resolvemos fazer a retirada destas pessoas de modo a restaurar a tranquilidade de motoristas, pedestres e profissionais que trabalham no comércio e empresas instaladas próximas a estas áreas”, informou Joviano Furtado.


A ocorrência e o aumento de tais delitos, também, puderam ser comprovados pelo relato de populares, motoristas e taxistas que acompanhavam a ação da polícia, como Augusto Fernandes, que trabalha próximo ao retorno da Forquilha. Ele exaltou a atitude da policia, e disse ser testemunha dos crimes que acontecem no local.


“Isso aqui virou uma cracolândia! Têm menor e adulto que se drogam noite e dia e fazem desde arruaça a roubo, assalto, e outros crimes. É muito perigoso por que já teve no mês passado assassinato entre eles mesmos”, relata.


Para Danielle Carvalho Viegas que, também, trabalha como farmacêutica em uma drogaria no local, o medo de ser assaltada no retorno da Forquilha é constante. “Muitos deles até ameaçam, principalmente, quando não damos uma moeda no sinal. Já vi casos em que batem no vidro e fazem coisas piores”, declarou.


Após abordagem feita por agentes da Superintendência de Polícia Civil da Capital, todos os usuários, em sua maioria homens (22) foram conduzidos a um microônibus disponibilizado para fazer o traslado até o CAPS-AD, onde receberam os primeiros cuidados, como banho, alimentação e até roupas, além de avaliações clínicas feitas por equipe multidisciplinar formada por médicos, psicólogos, enfermeiros e assistente sociais da unidade.


“Após todo este acolhimento passaremos à fase de triagem para leitos de observação ou de retaguarda para internação, em casos que esta medida seja necessária, e também a procura por familiares visando fazer a reintegração do usuário no seio familiar, importante para dar suporte ao tratamento”, diz o diretor do CAPS-AD, Marcelo Soares.


Adolescente

Dois casos chamaram atenção durante a operação de resgate social. O primeiro é o de uma mulher grávida que já estava no sétimo mês de gestação, encontrada dormindo em uma calçada em frente à rotatória do São Francisco. Ela foi identificada como usuária de crack e convidada a seguir para o CAPS-AD, mas se recusou a receber o tratamento junto com o irmão que também é usuário.


O delegado explicou que em casos que como este, onde não há resistência, mas uma recusa a adesão ao tratamento, é prudente acatar a decisão. “Não se trata de prisão, mas sim de um trabalho de cunho social onde o usuário tem que, por vontade própria, aceitar e querer receber o tratamento” explicou o delegado Joviano.


O outro caso diz respeito a um adolescente em situação de risco que foi recolhido pelos policiais quando pedia dinheiro nos sinais da rotatória da Forquilha. Ele, com aproximadamente 13 anos, foi conduzido pacificamente até o CAPS-AD. A criança estava em situação de rua, e após passar pelos procedimentos de acolhimento na unidade e receber um lanche, teve seu caso levado ao conhecimento da Promotoria da Criança e Adolescente, que identificou e notificou a família e o encaminhou para tratamento clínico e acompanhamento psicológico.


“Ele fará acompanhamento médico em uma unidade de apoio ligada ao município de São Luís, que está fazendo às vezes do CAPS – infantil, órgão de responsabilidade do município que se encontra fechado desde dezembro do ano passado. Independente disso, o que nós esperamos é que ele siga com o tratamento e possa voltar o mais rápido possível ao convívio de seus pais”, declarou Marcelo Soares diretor do CAPS -AD.  

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