Avenida dos Africanos é interditada por moradores da região do Coroadinho

Na manhã de ontem (15), moradores de comunidades que integram o Polo Coroadinho, no qual existem 21 bairros, interditaram a Avenida dos Africanos, por volta de 6h30, em sinal de protesto. Os manifestantes reivindicam segurança, transporte público de qualidade, saúde, educação e melhoria na infraestrutura dos bairros. No mesmo horário, moradores da localidade “21 de Abril”, onde residem aproximadamente 300 famílias, também bloquearam a rua principal do Maracanã, onde protestaram pela falta de segurança na área. Nos dois movimentos, os bloqueios foram feitos por galhos de árvore, madeira, pneus e carcaças de eletrodomésticos queimados, e as pessoas diziam que só liberavam as vias se autoridades do poder público municipal ou estadual comparecessem aos locais dos protestos.
Polo Coroadinho – Segundo uma das líderes do movimento, a engenheira de Pesca Tatiana Pereira, de 29 anos, moradora do Coroadinho desde que nasceu, a população decidiu ir às ruas protestar por estar cansada com o descaso público. Ela disse que várias reuniões foram feitas com representantes dos governos municipal e estadual, mas nenhuma providência para resolver os problemas de segurança, transporte público, saúde, educação, saneamento básico e melhoria na infraestrutura dos bairros, foi tomada. “Segundo o IBGE, estamos na 4ª posição no ranking nacional das maiores favelas do Brasil. Em 2010, tínhamos pouco mais de 53 mil habitantes; em 2013, a estimativa é que no polo já existam mais de 100 mil habitantes e esse crescimento populacional desordenado também traz consigo muitos problemas. Desde a gestão de Tadeu Palácio foi aprovada, pelo Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (Bird), uma verba de US$ 30 milhões, para a implementação do Programa de Recuperação Ambiental e Melhoria da Qualidade de Vida da Bacia do Bacanga, mas até hoje o projeto continua no papel e a população vem sofrendo os transtornos da falta de políticas públicas, como esta, para a nossa área”, explicou.
A manifestante relatou que os moradores decidiram ir às ruas por se sentirem abandonados pelo poder público. Ela explicou que as pessoas construíram, juntas, uma pauta de reivindicações que deve ser assinada pelos gestores municipal e estadual, condição esta para liberação da via, que foi interditada em mais de cinco pontos. “A nossa frota de ônibus é de apenas seis linhas e os carros estão caindo aos pedaços. Em 2012, o governo do estado recebeu a obra de finalização da Escola de Ensino Médio Dorilene Silva Castro, com 12 salas de aulas; porém, até hoje não foi inaugurada e a estrutura física foi saqueada e abandonada. Precisamos que o município construa creches e mais escolas de Educação Básica de Tempo Integral. A Unidade Mista da área funciona de forma precária, o atendimento é péssimo e a quantidade de médicos e material hospitalar é insuficiente; mas, o ideal é que uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) seja construída na região. O policiamento do polo é deficiente, existe apenas uma viatura para o atendimento da população; necessitamos urgente de uma Unidade de Segurança Comunitária (USC), da Polícia Militar”, declarou.
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Maracanã – Moradores do bairro 21 de Abril, onde residem aproximadamente 300 famílias, bloquearam a rua principal do Maracanã, elo entre os bairros da área Itaqui Bacanga e a BR-135. Os manifestantes reclamavam pela falta de segurança na área. Um dos organizadores do movimento, o morador Marlon Viana, de 39 anos, que já reside no bairro há mais de 15, contou que a prática de assaltos, estupros e até sequestros, aumentou na região. “Não sabemos mais o que fazer e nem a quem recorrer, pois a polícia não age de forma eficaz dentro do Maracanã e mais precisamente em nosso bairro, que é totalmente desassistido. Na semana passada, uma adolescente de 14 anos foi vítima de um sequestro relâmpago, chamamos a polícia, mas ninguém apareceu; então a população resolveu agir e saiu em perseguição aos sequestradores que, por medo, abandonaram a menina na área do Tajaçoaba”, afirmou.
O morador disse que os assaltos, arrombamentos e até estupros têm sido cada vez mais constantes e comuns na área. Ele relatou que uma residência chegou a ser assaltada mais de uma vez, na mesma semana; e que, por tudo isso, a população decidiu ir às ruas e dizer um basta à violência. “Não vamos mais aceitar essa situação, afinal nossas famílias estão sendo aterrorizadas pela marginalidade. Queremos ser recebidos por alguém da Secretaria de Segurança Pública e desta vez queremos tudo documentado, não vamos mai aceitar falsas promessas, casamos de ser enganados”, relatou.
Outro lado – A Prefeitura Municipal informou, por meio de nota, que a Secretaria de Obras e Serviços Públicos (Semosp) está dando andamento a todos os serviços previstos no programa Bacia do Bacanga (pavimentação, Praça do PEC, canal do Rio das Bicas). Informou ainda que o Canal do Coroado, obra que também faz parte do programa, já foi concluído.
Sobre as questões relativas à área da Educação, a Secretaria Municipal de Educação informou que está prevista a construção de creches e escolas nas proximidades da região, sendo uma creche e uma escola na Vila Verde; uma creche e uma escola na Vila Conceição; e uma creche no Sacavém. Vale destacar que cada creche atenderá 240 alunos por turno e cada escola receberá 864 crianças por turno, atendendo assim a demanda da área. A Secretaria Municipal de Trânsito e Transporte (SMTT) informou que todas as reivindicações decorrentes das manifestações populares estão sendo analisadas e avaliadas, e que as mesmas entrarão na pauta de prioridades do órgão.
J.Pequeno

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